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DIVERSIDADE & INCLUSÃO: MAIS QUE CONTRATAR, É PROMOVER A ASCENSÃO

13 de novembro de 2020

Em que pese os avanços atuais, o mercado de trabalho brasileiro persiste em negar oportunidades e delimitar funções de acordo com critérios raciais, vez que a manutenção do racismo e o seu entrelaçamento em todos os âmbitos da sociedade, favorece a naturalização das mazelas que dele decorrem.

Felizmente, o assunto está em voga. Especialmente com o poderio das redes sociais, a população negra tem gritado o seu descontentamento com a propagação desse cenário segregacionista. E no mundo do Direito, o clamor outrora silenciado, agora, ressoa em alto e bom som.

Não é à toa, que em paridade com grandes empresas engajadas na causa, os escritórios de advocacia têm se movimentado para aumentar a diversidade de seus integrantes. Haja vista, a notável escassez de profissionais negros, que, atualmente somam cerca de 1% dos “advogades” associados à grandes bancas.

No entanto, elucida-se que a diversidade difere da inclusão, mas não se dissocia dela. Enquanto a diversidade, reflete a necessidade de um quadro funcional heterogêneo, a inclusão evoca a tomada de medidas para sua real efetivação.

A contratação minoritária de profissionais negros pelos escritórios de advocacia não pode ser naturalizada como suficiente, eis que não basta a mera representação.

É salutar, que sejam transpostas as estruturas discriminatórias e desmistificados os estereótipos raciais que impedem que advogados e advogadas negros ascendam na carreira e perfaçam uma representatividade real.

Não em um papel figurativo, compondo a base da pirâmide do escritório, mas para que possa almejar o topo, sem que a cor da sua pele seja um fator de exclusão e/ou impedimento para personificar uma figura de liderança.

Nesse contexto, como start dessa mudança, indica-se aos escritórios, a institucionalização de um comitê para Diversidade e Inclusão, que, possibilitará um olhar mais sensível e específico sobre o tema, visando a discussão dos problemas internos e a implementação de políticas afirmativas, a fim de possibilitar que esses profissionais ascendam com visibilidade.

Outro ponto, valiosíssimo, quanto a oferta de oportunidades, é a flexibilização dos processos seletivos, como a exigência acerca da instituição de formação, fluência em línguas estrangeiras, intercâmbios e outros critérios que se contrapõem a desigualdade econômica e social, preponderantemente fomentada pela ausência de políticas públicas pós-abolicionistas.

Inclusive, a preocupação com a divulgação das vagas e a demonstração, explicita, de que pessoas negras são bem vindas aos escritórios de advocacia favorece, exponencialmente, uma maior participação desses candidatos.

Por outro lado, também é preciso reter esses profissionais, propiciando que se desenvolvam e, mais do que isso, que se sintam pertencentes, seja com a adoção de programas para capacitação, promoção, mentorias e suporte estratégico.

Além disso, é necessário que o escritório esteja apto a lidar com eventuais dificuldades, advindas da problemática social que envolve o assunto, investindo na constante conscientização de seus integrantes e clientes, seja por meio de campanhas, treinamentos, workshops, e até mesmo a criação de uma ouvidoria, pois, infelizmente, o racismo não precisa ser consciente para acontecer diariamente.

Não obstante, o abarcamento da cultura da diversidade, ainda que um caminho árduo, é mais do que necessário e plenamente atingível, além de corroborar para o crescimento dos escritórios e melhores resultados financeiros.

Pesquisas atuais comprovam que a diversidade impacta na prosperidade dos negócios, eis que os profissionais alocados em ambientes com cultura de igualdade possuem maior identidade, conexão e, como consequência, são mais criativos, inovadores, produtivos e engajados.

Portanto, com a consciência do racismo estrutural que nos permeia e munidos da vontade de uma advocacia mais diversa e, de fato, inclusiva, é tempo de somarmos forças em prol da equidade racial. Afinal, como disse Angela Davis: “Não basta não ser racista, devemos ser antirracistas”!